daura andrade

 

Meu nome é Daura Campos, sou uma artista e curadora Brasileira, autodidata, residente em Belo Horizonte, Brasil. Minha prática desafia o processo tradicional de criação de imagens, embora minha fotografia seja criada por meios analógicos, ao deliberadamente arruinar os produtos químicos do filme em seu processamento, supero quaisquer expectativas que o público tenha ao entrar em contato com minha prática fotográfica.

O trabalho que produzo é mais do que um meta-comentário sobre o que significa gerar uma imagem, uma vez que o subtexto das fotografias desperta uma conversa mais ampla sobre as implicações de existir em um corpo dissidente.

A fotografia historicamente, coloca-se como uma forma de manobrar a luz para interpretar o mundo ao redor, e minha prática não é diferente disso. No entanto, ao fazer a escolha de olhar intimamente para minhas experiências, distorcendo os métodos tradicionais de processamento de fotos e produção de imagens para criar trabalhos que desafiam a forma tradicional de viver e criar, gero um trabalho pertinente e irreplicável. Minha prática é uma ramificação de mim, na fotografia de filme, há muitos riscos que você assume ao criar uma imagem. Você pode sub ou superexpor sua imagem, sua câmera vintage pode falhar quando você pressiona o botão do obturador e a ideia perfeita pode vir à mente apenas quando você não tem poses disponíveis. Mesmo se você fizer tudo certo, algo pode surgir no processamento e digitalização dos negativos que podem estragar suas imagens.

O trabalho What the Luck representa estes fatores condicionais de meu processo de criação, guiando o observador por meio de suas cores, fabricadas pelos químicos dos filmes e seus reagentes não-convencionais, como chá-verde e suco de limão. Resultados que só foram possíveis devido aos danos causados aos materiais de produção. Neste projeto, o espectador é guiado através da narrativa de auto-realização e afeto, da busca por si mesmo, apesar das adversidades.

Por fim, as duas fotografias remanescentes são parte do projeto Os meus dias, no qual documentei minha vida diária no ano de 2020, ao retornar para minha cidade natal no interior de Minas Gerais com o intuito de me isolar junto à minha família. Esta série fotográfica explora minha relação com o isolamento, comigo mesma e com minhas origens. Acompanhando meus passos como alguém à procura por um lar, ao mesmo tempo que se questiona o que significaria encontrá-lo.

As imagens destes projetos foram criadas a partir da fotografia em filme analógico e instantâneo respectivamente, de existência primariamente material. Assim como eu, minha fotografia ganha vida no mundo físico, sendo suscetíveis a danos e às marcas do tempo, com sua existência cerceada por sua condição física e material. Minha arte portanto, fala sobre mim e eu sobre ela.