bruna luiza

 

Blue é artista visual de Betim/MG e graduanda em História com formação complementar em Artes Visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais.

Minha trajetória nas artes, contudo, vem desde meados de 2012, época em que comecei a realizar fotografias e vídeos experimentais que partiam das questões do cotidiano e da vida em uma cidade industrial. Nesse mesmo período, começo a participar de exposições e mostras da cena independente.

Autorretrato ciborgue: “Autorretrato ciborgue” é uma série fotográfica que busca tensionar o incremento das relações da sociedade com as tecnologias nas últimas décadas, em especial a partir da internet, das redes sociais e dos smartphones.

Podemos tradicionalmente pensar o ciborgue como um corpo composto por partes orgânicas e cibernéticas. Em “autorretrato ciborgue”, contudo, o que interessa é a ciborguização não-cutânea dos nossos corpos. Isto é, como incorporamos de tal modo as tecnologias em nosso cotidiano que elas foram capazes de alterar por si só nosso modo de existência no mundo e nossos corpos sem que fosse necessária qualquer tipo de intervenção transcutânea.

Autorretrato : O autorretrato foi realizado no Workshop SPEX com a artista Cristina Nuñez e busca criar uma imagem afetiva do momento e criar tensões e relações com uma foto familiar das minhas avós. CRIAR IMAGEM AFETIVA DO MOMENTO CRIAR TENSÕES E RELAÇÕES COM UMA FOTO FAMILIAR DAS MINHAS AVÓS

Eu ainda não imaginava tudo que estava por vir : Série de fotografias e textos que narram a minha infância a partir do meu olhar sobre a família, meu bairro, festas típicas, aquários, jardins, ímas de geladeira, dentre outros. Microhistória da infância.

 

A espinha dorsal da minha produção é o atravessamento das diferentes linguagens e suportes: vídeo, pintura, fotografia, poesia, gravura, música. Algumas das temáticas recorrentes na minha pesquisa e processo artísticos são a memória, o Progresso, a melancolia, as narrativas de si, a morte, o tempo e a história. Atualmente vive e trabalha entre Betim e Belo Horizonte (MG). Sueño : Em “Sueño”, desloco a cama do espaço privado para o público, assumo o sono e o sonho como lugares de construção de novos horizontes de expectativa e faço uma ode à pausa e a disrupção. Dormir e sonhar, mais do que nunca, se reiteraram como formas de recusa ao tempo acelerado, ao presente alargado e ao passado/futuro interditados da contemporaneidade. Além de ser também uma forma de trabalho de luto em meio ao movimento incessante, esmagador e necropolítico do Progresso; que no Brasil assumiu o slogan “O Brasil não pode parar”

Seja pelos estímulos provocados em nossos corpos a partir dos barulhos e cores de notificações, pela impossibilidade de uma vida offline, ou pelo aumento expressivo de doenças de saúde mental como depressão e ansiedade, a ciborguização é um dado da sociedade contemporânea. Com a pandemia de covid-19, a despeito dos corpos que estão totalmente à margem do acesso às tecnologias, todo esse processo de ciborguização deu um enorme salto em um curto período de tempo. Dessas inquietações e do luto coletivo que atravessamos sem trégua é que nasce a série “autorretrato ciborgue”, feito a partir de fotografias, printscreens, e código ASCII.